Durante séculos, as artes marciais e os esportes de combate foram amplamente dominados por homens, deixando muitas vezes as mulheres à sombra.

Mas nos últimos anos, presenciamos uma mudança significativa, à medida que as atletas femininas lutaram para entrar no centro das atenções, desafiando estereótipos e pavimentando o caminho para as futuras gerações. A última década marcou um aumento considerável na popularidade e reconhecimento das mulheres nas artes marciais e esportes de combate.

Tradicionalmente, as artes marciais e esportes de combate eram arenas dominadas pelos homens. Porém, a paisagem mudou dramaticamente. De acordo com os dados do Comitê Olímpico Internacional, as Olimpíadas de Tóquio 2020 viram o maior número de participantes femininas em esportes de combate. As mulheres representaram 45% dos competidores totais nos eventos de judô, boxe, luta e taekwondo. Espera-se que este número aumente ainda mais nas Olimpíadas de Paris 2024, em consonância com a iniciativa de igualdade de gênero do COI.

O MMA (Mixed Martial Arts), outra esfera de esportes de combate, também tem visto um aumento na participação feminina e na audiência. O Ultimate Fighting Championship (UFC), uma das organizações de MMA mais prestigiadas do mundo, tem estado na vanguarda dessa mudança. Ronda Rousey, a primeira campeã feminina do UFC, quebrou o teto de vidro em 2013 e trouxe atenção internacional para as lutadoras femininas. O UFC viu um aumento de 60% nas lutas femininas desde 2013, de uma média de 40 para mais de 65 lutas por ano até 2022, de acordo com um relatório de dados do UFC.

Além disso, lutadoras profissionais têm cada vez mais tomado o centro do palco em eventos principais, exibindo suas habilidades e atraindo uma grande audiência. Lutadoras do UFC como Amanda Nunes e Zhang Weili protagonizaram vários eventos Pay-Per-View, atraindo milhões de espectadores em todo o mundo. O crescente número de fãs é um testemunho do crescente interesse e respeito pelas contribuições das mulheres para o esporte.

Fora das arenas profissionais, a participação no treinamento de artes marciais e esportes de combate tem visto um aumento entre as mulheres em todo o mundo. Dados da American Sports Data Inc. mostram que desde 2010, houve um aumento de 20% na participação feminina no treinamento de artes marciais nos Estados Unidos. Esse crescente interesse não se trata apenas de condicionamento físico; trata-se também de autodefesa, construção de confiança e empoderamento.

As redes sociais desempenharam um papel crucial nessa crescente popularidade e reconhecimento. Plataformas como Instagram, Twitter e YouTube fornecem um meio para as lutadoras se conectarem com seus fãs, exibirem suas rotinas de treinamento e expressarem suas opiniões. Elas também servem de inspiração e fonte de informação para outras mulheres interessadas em praticar esses esportes.

A ascensão das mulheres nas artes marciais e esportes de combate representa mais do que apenas estatísticas de participação ou números de bilheteria; é sobre quebrar barreiras e desafiar normas sociais. É sobre demonstrar que as mulheres também podem se destacar em esportes tradicionalmente vistos como domínio dos homens, mostrando força, resistência e habilidade no processo.

No entanto, embora tenha havido um progresso significativo, ainda há trabalho a ser feito. Questões como a equidade salarial, representação na mídia e acesso a treinamentos de alto nível ainda precisam ser abordadas para garantir que o crescimento e desenvolvimento das mulheres nesses esportes continue. Mas, dado a tendência atual, o futuro das mulheres nas artes marciais e esportes de combate é mais promissor do que nunca.

fotos: Global Sport Matters, ESPN Brasil, Wikimedia. AG Fight e Active for life.