Eventos como Metamoris, EBI e o Gracie Invitational chegaram para revolucionar a arte suave.

As regras do Jiu Jitsu atual têm despertado muitas críticas de lutadores e fãs da arte suave. O sistema de pontos faz que com que o número de finalizações diminua a cada ano nos campeonatos ao redor do mundo.

Novos formatos de competição estão surgindo para trazer a finalização de volta ao Jiu Jitsu.

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Jiu Jitsu tradicional foca na finalização do oponente

O BJJ, ou Jiu Jitsu Brasileiro, É uma arte marcial inventada pela família Gracie no Brasil. O objetivo do BJJ é fazer seu adversário desistir usando o mínimo de força e violência. Hélio Gracie desenvolveu a arte para que um lutador mais fraco pudesse enfrentar um atleta maior e mais pesado. As regras do Jiu Jitsu surgiram mais tarde para poder desempatar lutas em campeonatos.

O nível dos atletas aumentou e as competições ficaram parelhas. Mesmo com os lutadores buscando  a finalização a toda hora, as vezes ela não vinha. Então, para não prejudicar o atleta que dominou o combate, foram criados os pontos.

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Regras do Jiu Jitsu começaram a ser usadas para vitórias por pontos

O Jiu Jitsu se tornou a arte marcial mais popular no mundo com o UFC. Os feitos de Royce Gracie são conhecidos nos quatro cantos do planeta. A eficiência da arte marcial brasileira fez surgir praticantes em quase todos os países do ocidente e oriente. Com o crescimento da luta, a evolução técnica do esporte foi natural. Posições novas apareceram, e outras antigas foram aperfeiçoadas. A paridade técnica fez com que os atletas se destacassem mais pela força e a tática do que pelo talento em si. Posições como a guarda 50/50 são melhores para alcançar posições do que para a finalização em si. Nos últimos dez anos, várias finais da faixa preta, acabaram decididas apenas por uma vantagem ou pela decisão subjetiva do juiz. Muitos lutadores conhecem muito bem as regras do Jiu Jitsu, e as usam como principal ferramenta para alcançar a vitória. A luta amarrada diminui o interesse do público do Jiu Jitsu, principalmente os fãs que são alheios a detalhes técnicos do combate.

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Novos eventos prometem mais dinamismo e finalizações

A falta de finalizações estava incomodando tanto os lutadores, quanto os mestres e fãs da arte suave. Diversos eventos surgiram para tentar mudar esse quadro e deixar o BJJ mais dinâmico e pronto para a TV. As novas regras do Jiu Jitsu tentam colocar o esporte nas Olimpíadas e nos grandes meios de comunicação.

O ADCC é o evento mais rico da arte suave no mundo. O Sheik Zayed, dos Emirados Árabes, se apaixonou pela luta agarrada, e promove o evento com maior premiação do BJJ. Umas das novidades do evento criado em 1998 é a categoria submission, ou seja, Jiu Jitsu sem Kimono. O lutador compete usando shorts e uma lycra. O evento acontece de dois em dois anos e reúne praticantes de todas as formas de grappling no mundo. Praticantes de Jiu Jitsu, Judocas, lutadores de sumo e sambo e até wrestlers disputam a fortuna oferecida pelo Sheik bienalmente. O torneio segue algumas regras tradicionais do esporte, e é disputado com e sem Kimono.

O Metamoris é um novo evento criado por Ralek Gracie. O representante da família real da arte suave criou uma competição sem pontos e sem necessidade de um vencedor. São trinta minutos para que algum dos participantes consiga a submissão do adversário, ou o combate é declarado um empate. O evento é disputado com ou sem quimono.  O evento ocorre na Califórnia, seu auge foi a luta entre Eddie Bravo e Royler Gracie.

Eddie Bravo, o grappler mais conhecido dos Estados Unidos, também criou seu próprio evento. O EBI (Eddie Bravo Invitational) está em sua terceira edição e arranca muitos elogios dos fãs e da mídia especializada. O evento também não segue as regras do Jiu Jitsu tradicional, e é disputado apenas sem o Kimono. A principal diferença entre o Metamoris e o EBI é a ausência do empate. No evento de Eddie são realizadas múltiplas prorrogações, com os lutadores começando em posição de vantagem como no wrestling. A luta só se encerra quando o vencedor é declarado. O maior sonho de Bravo é levar o EBI para algum grande canal de televisão.

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Entrevista Eduardo Zanetti

Zanetti é campeão mundial de BJJ na faixa azul absoluto, vice-pan-americano na faixa roxa, 10 x campeão estadual no absoluto e campeão internacional na faixa marrom. O líder da Gracie Humaitá Curitiba é grande conhecedor das regras do Jiu Jitsu e falou um pouco com o Venum Blog:

1- Você acha que o Jiu Jitsu desportivo atual se distanciou da arte marcial tradicional?

Zanetti – “A essência marcial se resume em maior eficiência no combate, finalizar o oponente com maior eficácia o possível. Na atualidade o Jiu Jitsu desportivo está muito competitivo e isso acaba levando muitos atletas a jogarem com o regulamento em baixo do braço, pontuando e segurando a luta, amarrando, não buscando a finalização. Isso mostra falta de combatividade, humildade, coragem e coração, características essenciais de um verdadeiro lutador.”

2- Qual sua opinião sobre os novos eventos sem tempo e sem pontos, valendo apenas as finalizações?

Zanetti – “Esses eventos se aproximam mais de um combate marcial, pela questão dos pontos e do tempo, isso representa uma evolução no Jiu Jitsu moderno, pois se aproxima novamente da sua essência, sem pontos, mais tempo, faz com que os atletas mostrem mais seu coração sua vontade de lutar, a busca da finalização. Apesar disso muitos atletas ainda demonstram uma postura muito passiva nesses eventos e ainda esperam o tempo acabar.”

3- Qual seria o formato ideal de regras em um campeonato para você?

Zanetti – “Como representante do Gracie Jiu Jitsu, penso que o Jiu Jitsu desportivo precisa evoluir no sentido da essência, voltar na busca dos grandes mestres, onde o fraco enfrentava o forte, as lutas duravam 3 horas isso sim é um combate real! Talvez lutas sem tempo fosse a situação mais próxima da realidade marcial, também diminuir a importância dos pontos seria uma solução, lutas sem vantagens, e ser mais punida a falta de combatividade. Mas realmente acho que o que deve mudar é a postura dos atletas devem colocar o combate acima da competição, devem ser menos competidores e mais lutadores isso sim traria emoção novamente as competições.”

E você , o que pensa sobre o futuro do Jiu Jitsu? Participe nos comentários!