Carateca venezuelano conseguiu sua terceira medalha em mundiais na Alemanha. 

Antonio Díaz tem dominado a cena do Kata mundial por quase 14 anos. O Kata é a modalidade do Caratê em que os atletas executam uma coreografia com movimentos de defesa e ataque, não existe contato físico. Antonio Díaz buscava sua terceira medalha de ouro no mundial de 2014 em Bremen, na Alemanha. O atleta venezuelano acabou ficando fora da final e conquistando o bronze. Diaz conta um pouco sobre a apresentação no mundial, sua trajetória no esporte e a importância das artes marciais para a formação pessoal. Confira essa entrevista exclusiva com Antonio Díaz, concedida após competir no mundial de Bremen, na Alemanha.

Entrevista exclusiva com Antonio Díaz

  1 – Antonio Díaz, como você se sente após conquistar sua sétima medalha em mundiais de Caratê?

Meu objetivo era a medalha de ouro, mas eu acho que é uma grande conquista estar no pódio por 14 anos. Eu acho que isso foi possível com trabalho constante, saber que sempre existem coisas novas que você pode aprender, e sempre estar preparado para evoluir.

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2 – Qual foi o torneio mais difícil da sua vida?

Eu creio que cada torneio tem sua história e nos trás uma nova experiência, por isso não acho que um torneio seja mais difícil que o outro. Claro que no começo, especialmente nas primeiras vezes, achei que era impossível chegar ao topo. Mas pouco a pouco fui subindo, trabalhando muito duro, até chegar ao posto de número 1 do mundo.

3 – Antonio Díaz, como é sua rotina de treino antes das competições?

Eu divido meu treino em sessões. Pela parte da manhã eu faço o treino de Caratê. Primeiro treino Kihon (movimentos básicos do caratê) e meu Kata, isso geralmente leva 2 horas e meia. Durante a parte da tarde eu faço a parte física, isso inclui corrida e treino de força. A intensidade e o volume do treino dependem da época que acontecerá o campeonato.

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4 – Você dominou a cena do Kata por um bom tempo. Você já ganhou todos os principais títulos do esporte. O que ainda motiva o Antonio Díaz a treinar duro todos os dias?

Para mim motivação é a possibilidade de melhorar a cada dia, saber que seu próximo Kata será seu melhor Kata. Claro que um dia terei que parar com as competições, e as minhas energias serão focadas em projetos diferentes, no meu caso sempre será relacionados com o Caratê. Mas quero deixar um exemplo de motivação para as pessoas, seja nos esportes, ou na vida. Você pode alcançar tudo que deseja e até o que parece ser impossível. Basta colocar no seu coração e trabalhar todos os dias até que seu sonho se transforme em realidade.

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 5 – Quais suas expectativas para o Campeonato Pan-americano de Caratê que acontece ano que vem em Toronto, no Canadá?

Este será meu principal evento em 2015. Eu já venci o pan-americano 12 vezes, mas cada ano o nível sobe de maneira absurda e terei que treinar muito duro. Mas é isso que eu amo fazer.

6- Você já treinou outras artes marciais? Você quer lutar MMA algum dia? O que você acha dos caratecas que lutam MMA?

Eu respeito todas as lutas e tenho muita curiosidade em aprender princípios de outras artes marciais. Eu não tive tempo de treinar outras disciplinas. Eu acho que o tempo de lutar MMA profissionalmente já passou para mim. Mas eu queria muito treinar com profissionais. Gostaria também de aprender o Jiu Jitsu. Eu acho que caratecas podem ser ótimos lutadores de MMA, um exemplo disso é o brasileiro Lyoto Machida. O Caratê é uma arte completa e vai dar uma boa base para o atleta de MMA, mas hoje em dia o lutador tem que dominar diversos estilos.

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7- Antonio Díaz, qual o papel das artes marciais na vida de uma pessoa?

A filosofia das artes marciais influenciou minha vivência em diversos aspectos, Caratê é meu estilo de vida. Muitos dos valores que levo comigo aprendi no tatame; honra integridade, lealdade, humildade, maturidade e disciplina. Também é importante saber que se você trabalhar duro, tendo esses valores em mente, você vai se tornar uma pessoa melhor a cada dia.

8 – Me fale sobre o Caratê na Venezuela. Como você enxerga a importância do esporte no país?

Caratê é muito grande na Venezuela, temos muitos torneios durante o ano, alguns com até dois mil participantes, incluindo crianças, juniores e seniores de todas as faixas. Você encontra escolas de Caratê por todo o país e é especialmente popular entre as crianças. O Instituto Nacional de Esportes considera o Caratê uma atividade chave nos eventos olímpicos regionais ou internacionais. Os atletas recebem um bom suporte para o treinamento e as competições.

9- O que você achou da decisão dos juízes esse ano? Você achou justo ficar com a medalha de bronze? Você achou que sua apresentação foi o bastante para conseguir o primeiro lugar?

O mundial esse ano foi um campeonato muito duro, tive uma ótima preparação, mas na competição diversos fatores me impediram de levar o ouro. Tive uma chave muito difícil, comecei competindo contra o campeão europeu, depois contra o segundo lugar da Europa, então tive que usar meus melhores Katas nesse round. Nas quartas de finais usei um Kata mais curto contra o alemão e acabei perdendo. Achei que os juízes iriam levar o critério dificuldade mais em conta. Mas é assim, competimos e tentamos nosso melhor, algumas vezes a vitória não vem e temos que aceitar. Foi frustrante ver a final e não poder participar.