Rap e filmes de Kung-fu parece ser uma união um tanto pitoresca e sem sentido. Mas o Wu-Tang Clan, baseado neste conceito, se tornou umas das bandas mais importantes do gênero no mundo tudo. Mesmo com 30 anos de estrada, o grupo ainda faz sucesso e arrasta milhares de fãs em todos seus shows ao redor do mundo.
Hoje vamos conhecer um pouco mais da história dos rappers que mudaram a cena no começo dos anos 90.
O começo – Wu-Tang Clan 30 ANOS
O Wu-Tang Clan surgiu no começo da década de 90, época em que o gênero urbano era dominado por artistas da Califórnia como Dr. Dre e Snopp Dogg.
Nova Iorque, cidade berço do Rap, andava meio sumida na cena, e o grupo de 9 integrantes estava prestes a mudar este cenário.
Criado mais como um coletivo de artistas, a banda tinha um objetivo claro. Consolidar o nome da banda no mundo todo, para depois lançar álbuns solos dos seus artistas.
Mesmo contrariando a tática da época, o plano funcionou. A banda surgiu em 1992, mas seu álbum de estreia foi lançado em 1993. O mundo ouvia pela primeira vez RZA, GZA, Ol’ Dirty Bastard, Method Man, Raekwon, Ghostface Killah, U-God, Inspectah Deck e Masta Killa.
Produtor e rapper com um talento raro, RZA era o líder do grupo e o idealizador do projeto. Ele trouxe todo seu conhecimento de filmes de kung fu e artes marciais para o hip hop. Usando pedaços de falas de filmes, samples de músicas orientais e principalmente o espírito inabalável de um samurai.
RZA não era novo na cena, antes conhecido como Prince Rakeem, o artista chegou a lançar uma música por uma grande gravadora. Mas o estilo pop implementado pela gravadora não o agradava, assim ele resolveu largar tudo e começar do zero com um punhado de amigos que infância e adolescência.
Os nove rappers fizeram um pacto para formar uma comunidade artística e financeira, o Wu-Tang Clan não seria apenas um grupo, mas sim sua própria indústria com o máximo controle de todas etapas de produção.
O primeiro single do Wu-Tang Clan, o clássico Protect Ya Neck, foi lançado em selo própiro e se tornou um sucesso no underground nova-iorquino.
Em pouco tempo, as gravadoras estavam oferecendo contratos lucrativos. O conhecimento de negócios de RZA fez o grupo resistir até conseguir um acordo que permitisse que cada membro gravasse álbuns solo para qualquer gravadora que escolhesse
A Loud/RCA foi a primeira grande gravadora que concordou com o acordo, e o álbum de estreia da banda, Enter the Wu-Tang (36 Chambers), surgiu nas lojas novembro de 1993. Enter the Wu-Tang (36 Chambers) agradou aos críticos e foi um sucesso de vendas ao longo prazo.
Mas a música que realmente fez o grupo explodir foi C.R.E.A.M., single lançado no início de 1994, hit que os colocou no topo e ganhou seguidores dedicados. Logo, cinco membros já tinham contratos solos com gravadoras expandindo o poder do grupo.
Projetos solos – Wu-Tang Clan 30 ANOS
O primeiro membro do Wu-Tang a se tornar uma grande estrela solo foi Method Man. Com uma voz única, em novembro de 1994, ele lançou Tical, pela Def Jam Recordings, o primeiro álbum solo oficial do Wu-Tang.
RZA produziu o álbum do parceiro, criando uma colagem sonora densa e suja. Logos outros integrantes do grupo como ODB, GZA e Raekwon faziam sucesso em seus álbuns solos, o que fortalecia mais todos os artistas da banda.
Segundo disco – Wu-Tang Clan 30 ANOS
Em junho de 1997, o Wu-Tang Clan se reuniu novamente para lançar seu segundo álbum, o CD duplo Wu-Tang Forever.
Avidamente esperado pelo público, o álbum logo estava em primeiro lugar das paradas musicais, vendendo mais de 600.000 cópias apenas em sua primeira semana. A música Triumph era o carro chefe do disco que contou com mais um convidado, Cappadonna, que já havia participado de dois álbuns solos da banda. O sucesso do disco fez o Wu-Tang excursionar pela primeira vez ao redor do planeta.
Nesse meio tempo, a próxima fase do plano Wu-Tang começou a tomar forma: desenterrar novos associados e transformar o conjunto resultante de talentos em uma franquia de marca. Um grupo de protegidos de Wu apelidado de Killarmy lançou seu álbum de estreia, Silent Weapons for Quiet Wars, pela Priority Records em agosto de 1997, baseando-se fortemente nas imagens marciais do clã.
ODB
Na mesma época, Ol’ Dirty Bastard começou uma longa e bizarra série de problemas com a lei, sendo preso por inúmeras vezes. O grupo se tornava inimigo número um do estado, o que resultou em todo o clã ser suspeito de planejar uma operação de tráfico de armas entre Staten Island e Steubenville, Mesmo com intensas investigações do FBI, as acusações nunca foram comprovadas, tão pouco surgiram provas de qualquer crime.
O Wu-Tang voltou a investir na carreira solo de seus artistas, lançando sucessos como Bobby Digital in Stereo do RZA e também o segundo álbum de Method Man, Tical 2000: Judgment Day, que atingiu o número dois nas paradas dos EUA.
A virada da década também teve diversos lançamentos de sucesso: GZA com Beneath the Surface, Wu: Ol’ Dirty Bastard’s ***** Please, e também o aclamado álbum duo de Method Man com Redman, chamado Blackout, além do primeiro álbum solo de Inspectah Deck, Uncontroled Substance. Esta leva, que também incluía o álbum de Goshtface Killa, foi aclamado pela crítica, mas não obteve o mesmo sucesso comercial.
Diversificação – Wu-Tang Clan 30 ANOS
A baixa venda destes álbuns fez a banda ampliar seus horizontes.
O grupo acabou gerindo uma linha de roupas, um videogame, uma história em quadrinhos e uma enxurrada de produtos musicais que até mesmo os obstinados achavam difícil acompanhar. Esta chuva de produtos acabou gerando uma superexposição negativa ao grupo, o antes que era raro, acabou se tornando comum, e o pior, estavam surgindo diversos imitadores ao redor de todo o país.
Jim Jarmusch, cineasta independente, contratou RZA para compor uma trilha sonora para seu aclamado Ghost Dog: The Way of the Samurai, cujos resultados foram revelados no início de 2000.
No começo dos anos 2000, Ol’ Dirty Bastard continuou fora de controle. Ele foi trancado por um tempo em uma prisão da Califórnia por violar os termos de sua liberdade condicional, mas parecia estar no caminho certo para voltar com tudo ao grupo. Mas em outubro do mesmo ano, faltando apenas dois meses de reabilitação, ele fugiu da instituição, o que lhe rendeu mais um mês de prisão.
Terceiro disco – Wu-Tang Clan 30 ANOS
The W, terceiro álbum da banda, foi lançado em novembro de 2000, com menos alarde pela mídia. O disco W gerou o hit Gravel Pit, um dos três vídeos da trilogia de videoclipes The W: Gravel Pit, Protect Ya Neck (The Jump Off) e Careful (Click, Click). Alguns meses depois, eles fizeram sucesso na Europa com a música sampleada de Isaac Hayes, I Can’t Go To Sleep.
ODB, contrariando sua liberdade condicional, acabou aparecendo no placo no show do lançamento do disco, mas foi capturado pela polícia na Filadélfia e extraditado para Nova York para enfrentar acusações de posse de cocaína.
Em abril de 2001, ele fez um acordo com os promotores que resultou em uma sentença de dois anos de prisão estadual, levando sua saga de fora da lei a um triste fim.
O começo da década também teve diversos lançamentos solos da banda e o terceiro disco do grupo, Iron Flag, que chegou ao público em dezembro de 2001, apenas um ano após seu antecessor. Outro álbum do Wu-Tang, Killa Beez, foi lançado contendo muitas faixas novas e antigas da grande família Wu-Tang, chamada The Sting. Depois de um ano tranquilo, GZA/Genius lançou seu novo álbum Legend Of The Liquid Sword em dezembro de 2002.
Em agosto de 2003, Ol’ Dirty Bastard saiu da prisão e imediatamente assinou um novo contrato com a Roc-A-Fella Records, gravadora do rapper Jay Z.
A morte de Ol’ Dirty Bastard
Em 13 de novembro de 2004, o momento mais trágico da história do Wu-Tang aconteceu. Ol’ Dirty Bastard desmaiou aproximadamente às 17h29 nos estúdios 36 Chambers, do Wu-Tang, localizado na West 34th Street, em Nova York. Menos de uma hora depois, ele foi declarado morto, apenas dois dias antes de seu aniversário de 36 anos. Seu funeral foi realizado no Centro Cultural Cristão do Brooklyn.
Mesmo abalados, os projetos do grupo seguiam firme.
Em 2005, RZA estreou como escritor e publicou seu primeiro livro, o Manual Wu-Tang, dando uma visão interna da filosofia por trás do Clã. O manual é dividido em quatro livros, cada um contendo nove câmaras, totalizando 36 câmaras. Os capítulos incluem biografias de cada membro, uma explicação da famosa gíria Wu-Tang, uma história sobre o logotipo do Wu-Tang Clan, explicações de diversas influências como a Nação dos Deuses e Terras, xadrez, histórias em quadrinhos, drogas e artes marciais. O livro também mostra os pontos de vista de RZA sobre música, espiritualidade e produção, e um guia lírico para os significados das principais músicas do Wu-Tang.
Os álbuns solos da banda continuavam serem lançados a todo vapor. Um destaque foi 4:21… the Day After, do Method Man. Mesmo sem apoio da mídia, o disco virou um sucesso imediato entre os fãs.
Contrato com a SRC Records
Finalmente, em dezembro de 2006, o Wu-Tang Clan assinou um contrato de um álbum com a SRC Records de Steve Rifkind, que lançou os quatro álbuns anteriores do grupo pela Loud Records. O álbum foi intitulado 8 Diagrams, referindo-se ao filme clássico de Kung Fu The 8 Diagram Pole Fighter e foi lançado em 11 de dezembro de 2007.
Discografia e série na TV
O Wu Tang, depois de 8 Diagrams, ainda lançou álbuns: Soundtracks from the Shaolin Temple, Chamber Music, Legendary Weapons, Better Tomorrow e o último, em 2017, The Saga Continues.
A banda também tem duas séries na TV: Wu-Tang: An American Saga e Wu-Tang Clan Of Mics and Men. O grupo também lançou seus personagens este ano no popular jogo eletrônico Fortnite.
Qual sua música do grupo favorita?
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